Bilhões em bens do tráfico virarão escolas e presídios
Presidente Bolsonaro e ministro da Justiça Sérgio Moro realizaram o ato no Palácio do Planalto |
Bolsonaro assina MP que agiliza venda de bens de
traficantes. O dinheiro da venda dos bens apreendidos no tráfico serão
imediatamente depositados em conta única do Tesouro e revertidos em ações
sociais, educacionais, apoio a deficientes, construção de escolas e presídios
O presidente Jair Bolsonaro assinou nesta segunda-feira
(17/8) uma medida provisória (MP) que tem o objetivo de agilizar a venda e a
utilização de bens apreendidos de traficantes de drogas.
A MP foi assinada em uma cerimônia no Palácio do
Planalto, da qual participaram algumas autoridades entre as quais os ministros
Onyx Lorenzoni (Casa Civil), Sérgio Moro (Justiça), além da procuradora-geral
da República, Raquel Dodge, e parlamentares.
Por se tratar de uma medida provisória, o ato do
presidente terá força de lei assim que publicado no “Diário Oficial da União”.
Para se tornar uma lei em definitivo, porém, a MP precisará ser aprovada pelo
Congresso Nacional em até 120 dias.
O que diz a medida provisória
De acordo com o Ministério da Justiça, as novas regras
previstas na MP darão “maior eficiência e racionalidade” na gestão dos bens
apreendidos de traficantes.
Segundo a pasta, a MP permitirá converter mais
rapidamente os bens apreendidos em recursos financeiros e, além disso,
aplicá-los em investimentos sociais. Os valores poderão ser utilizados, ainda
de acordo com o ministério, antes mesmo do fim do processo judicial.
O ministério diz que a MP também permitirá aos estados
receber os recursos de forma mais “célere”, “bastando a assinatura de termo de
adesão com a demonstração do atendimento das condicionantes”, reduzindo os
cursos com manutenção de depósitos.
Ainda conforme o governo, a proposta prevê que recursos
oriundos de alienação de bens serão diretamente depositados em conta do
Tesouro. Isso, segundo o Ministério da Justiça, antecipa em pelo menos cinco
anos o período de entrada do dinheiro nos cofres públicos.
Alienação de bens
Atualmente, a lei já prevê a alienação antecipada dos
bens. De acordo com a Política Nacional sobre Drogas, se for verificado o risco
de perda de valor econômico em razão do tempo, será feita a avaliação do bem,
que poderá ser colocado em leilão.
Uma resolução do Conselho Nacional de Justiça recomenda a
alienação dos bens mesmo antes do trânsito em julgado para preservar o valor
atual.
Mas, segundo integrantes do Ministério da Justiça, as
questões relacionadas à alienação dos bens “passam batidas” pelos juízes e pelo
Ministério Público. No decorrer da ação penal, avaliam esses integrantes, os
pedidos e a concessão da alienação de bens costumam ficar em segundo plano.
Esses bens são frutos de diversas ações policiais. Na
maior parte, são operações realizadas pelas polícias Militar, Civil, Federal e
Rodoviária Federal que resultam em apreensões ligadas a drogas em rodovias, em
que os veículos, celulares e outros itens são apreendidos.
Após as apreensões, a Justiça pode dar dois destinos para
os bens: a utilização deles pelos órgãos de segurança, na repressão e prevenção
ao uso de drogas, ou a alienação.
Estoque de bens
apreendidos
De acordo com a Secretaria Nacional de Políticas sobre
Drogas, há quase 80 mil bens apreendidos em operações relacionadas ao tráfico
de drogas em todo o país.
Ainda conforme o órgão, aproximadamente 30 mil bens já
têm sentença em trânsito em julgado – quando não cabe mais recurso – e estão
prontos para leilão.
Total de bens
apreendidos (77.251);
37.518 veículos;
916 imóveis;
314 aeronaves;
246 embarcações;
1.608 joias;
36.649 bens diversos.
Bens apreendidos
prontos para leilão (29.429);
9.970 veículos;
459 imóveis;
25 aeronaves;
18.975 bens diversos.
Discursos
Primeiro a discursar na cerimônia, o ministro Sérgio Moro
afirmou que a medida provisória editada por Bolsonaro é “bastante simples”, mas
“bastante relevante e urgente”. Isso porque, segundo o ministro, o estoque de
bens apreendidos era alto, mas o ministério não tinha capacidade de realizar a
venda “em tempo hábil”.
“Se o tráfico de drogas é tão lucrativo, temos que
aproveitar melhor os recursos”, destacou o ministro.
De acordo com Moro, os valores relativos aos bens
apreendidos poderão ser usados na política de prevenção, em campanhas e no
atendimento a dependentes químicos, por exemplo. Segundo o ministro, a
utilização dos recursos não dependerá do chamado trânsito em julgado, ou seja,
quando o processo terminar na Justiça não couber mais recursos.
Ainda segundo Moro, por meio da MP, o Ministério da
Justiça poderá contratar engenheiros responsáveis pela elaboração de projetos
de construção e reforma de presídios.
“Nós precisamos de melhores presídios. Um presídio mais
bem estruturado acaba sendo uma estrutura apta a diminuir o poder das facções
criminosas sobre a população carcerária. Com um presídio adequado, podemos
conseguir fazer com que os presos trabalhem, se afastem das facções criminosas,
facilitando a reabilitação e tendo condições mais humanas nos presídio”,
afirmou.
Em seguida, Bolsonaro discursou. Disse que a medida
provisória dará “munição” a Moro para que o governo possa garantir os recursos
necessários para combater o crime organizado.
Ao se dirigir ao ministro da Justiça, afirmou que Moro é
motivo de “honra, satisfação e orgulho” não só para ele, mas, sim, para “todos
os brasileiros de bem”.
Bolsonaro afirmou também que o ministro é um “símbolo”
daqueles que querem “mudar o país”.
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